Na vida existem apenas duas certezas: Nascer e morrer. O que acontece entre estes dois momentos são as escolhas que fazemos, conscientes ou inconscientes.
A ciência e tecnologia nos permitem chegar com facilidade aos 90 anos, mas do que adianta viver se não soubermos VIVER?
Estou com 53 anos e logo chegarei na terceira idade, ou seja, estou envelhecendo. Creio que quem chega nesta fase da vida começa a ter nostalgia de algumas épocas do passado.
Esta semana, fui almoçar no bandejão da Unicamp onde fiz engenharia elétrica em 1988. Tinha 19 anos e era – como todo jovem – um sonhador e acreditava que teria um futuro promissor como engenheiro.
Para minha surpresa, o ticket do almoço só poderia ser carregado com dinheiro e eu não tinha.
Uma família peruana gentilmente disse que poderia ajudar e – em troca – dei um origami de presente e fiz um avião bumerangue.
O origami – arte milenar japonesa de dobrar papéis – tem a capacidade de nos conectar à nossa criança interior.
Vivemos a maior transição planetária e ainda estamos na pandemia. O que me motivou a escrever este artigo é porque ontem participei de um evento lindo onde conheci 2 gestantes e a uma das anfitriãs tem um bebêzinho. O evento Rezo da Casinha II promovido pelo Semeando em Canto do Fábio Brendolan tinha como objetivo ajudar a construção da casa de uma das famílias e inaugurar o espaço Céu da Terra em Ibiúna.
Se a vida fosse um dia, as crianças seriam o nascer do Sol e a velhice seria o pôr do Sol. Teremos tempos bons, tempos nublados e até tempestades.
A Fernanda Alface é tecelã, permacultora e criadora do Pano Porá que usa a costura com arte indígena como forma de fazer as pessoas vestirem poesia com roupas inspiradas na cultura indígena. Ela está grávida de 5 meses e me pediu dicas de como cuidar de um filho. Um pedido que pode exigir uma longa resposta… talvez não. Visitei o site e o Instagram – PermaCOSTURA – e me inspirei para uma reflexão.
Meus filhos estão com 12 anos e 19 anos, sei que cometi inúmeros erros. Hoje, olhando para o passado, vejo que nós – pais e mães – temos apenas que buscar o nosso verdadeiro EU. Somos os principais professores(as) dos nossos filhos(as) e como fiz José Pacheco e Rubem Alves:
“O professor não ensina o que diz, mas o que é.” José Pacheco
“Ser mestre é isso, ensinar felicidade.” Rubem Alves
Quando criança, ouvi muito a frase “Homem não chora” que, infelizmente, ainda é dita para muitos meninos.
Como não posso mudar o passado, fico feliz em compartilhar um pouco do que aprendi. Continuando a ideia da vida ser um DIA, eu diria que ao nascer do Sol (nascimento de uma criança) devemos proporcionar um ambiente para ela descobrir que é imperfeita e aprender que ser vulnerável não é sinal de fraqueza, mas sim de FORÇA. A criança é naturalmente vulnerável e aceita a ajuda das pessoas.
Ao invés de querer que ela aprenda tudo que for possível para um dia fazer um vestibular, ajudaria ela a descobrir seus talentos dando amor e acolhimento.
Um provérbio africano diz “Para cuidar de uma criança é preciso uma aldeia inteira“. Por isso, é preciso estar em lugares e grupos que compartilhem ideias e valores semelhantes, e que acreditem que somente no coletivo temos poder.
Voltando ao tema do artigo, envelhecer é saber em qual momento desde DIA que representa a nossa vida nós estamos e ACEITAR cada momento. Não ficarmos presos no passado ou ansiosos com o futuro. Aceitar que quando chegamos próximos do final da tarde, não temos mais a energia da juventude para trabalharmos até a noite e, por isso, temos que aprender a sermos PRODUTIVOS. E, se você está em um trabalho operacional que uma pessoa bem mais jovem ou um robô pode fazer no seu lugar… cuidado, pois talvez o seu trabalho esteja consumindo um TEMPO PRECIOSO e não esteja mais fazendo SENTIDO.
Eduardo Shimahara faleceu em 2020 e no vídeo Heart and Mind (Coração e Mente) fala para você refletir “Imagine que é segunda-feira e o alarme toca e você pensa ‘Estou no lugar certo? Estou fazendo o que eu AMO?’ “
“Você vive o propósito 24 por dia e 7 dias por semana. Você não desliga seu propósito.” Eduardo Shimahara
Seja um SONHADOR enquanto tem TEMPO
As imagens abaixo são do filme Tomorrowland e mostram SONHADORES. Logo chegará a noite para minha vida e terei menos tempo como SONHADOR e, aos poucos, terei que dar espaço para novos sonhadores.
No filme Tomorrowland, existem crianças que são humanóides cuja missão é encontrar as pessoas sonhadoras e dar um anel que as teletransportam para a Tomorrowland.
Envelhecer talvez seja isso também, encontrar novos sonhadores e ajudá-los a cumprirem a sua missão.
Como envelhecer sem se tornar velho?
A vida não é fácil e todos temos nossos desafios, voltando à metáfora da vida como um dia…
Se tornar velho é quando não conseguimos mais nos conectar com nossa criança interior, deixamos de brincar e ficamos presos ao passado. Chegamos no final da noite e, ao invés de celebrar os bons momentos, reclamamos da vida.
Envelhecer é a fase para voltarmos a ser livres como as crianças. Aprender a perdoar as pessoas e deixar o passado… no passado. Saber que o dia está perto de terminar e que podemos dar as mãos para pessoas que nos querem bem. Envelhecer é voltar ou se permitir dançar em roda e deixar a música te levar com a segurança que de mãos dadas todos se ajudam.
Nunca é tarde para mudar. Nunca é tarde para ter aquela conversa com quem você ama. Nunca é tarde para perdoar. Nunca é tarde para aceitar que você fez o que melhor que pôde fazer em cada momento da sua vida. Nunca é tarde para agradecer as pessoas que fizeram alguma diferença na sua vida.
Encontre seu propósito de vida e seu IKIGAI
Ikigai é a razão de viver segundo os japoneses. È o que nos motiva a acordar todos os dias e fazer com cuidado e gentileza o que devemos fazer.
Meus avós vieram do Japão no início do século e meus pais tiveram uma vida dura. A cada geração que passa o mundo fica mais abundante e as pessoas tem mais oportunidades de buscar trabalhos que tenham sentido. O IKIGAI da minha mãe são as plantas. Sempre achei que meu pais não tinha um ikigai, mas hoje sei que o seu IKIGAI foi cuidar da nossa família proporcionando tudo que ele não pode ter.
Entrevista com Deus
O texto ao lado, erroneamente atribuído ao Dalai Lama, é um trecho da Entrevista com Deus de Jim Brown (Clique para ver o texto completo) e assistam esta linda versão em vídeo.
“O que mais te surpreende na humanidade?”
“Muitas coisas. Que se cansam de ser crianças, têm pressa de crescer e depois desejam ser crianças novamente.
Que eles perdem a saúde para ganhar dinheiro e depois perdem o dinheiro para restaurar a saúde.
Que pensando ansiosamente no futuro, esquecem o presente e não vivem nem para o presente nem para o futuro.
Que vivam como se nunca fossem morrer e morram como se nunca tivessem vivido ”
Referências: