Coworking – Mitos e Verdades

Em 2002, eu saí da sociedade de uma agência digital que chamava-se Tomate Comunicação Digital. Entre os anos de 2000/2001 fui um dos sonhadores da internet e achei que ficaria rico fazendo sites. O “estouro da bolha” trouxe uma dura realidade e me vi sozinho apenas com um notebook. Foi quando descobri o conceito de escritório compartilhado e comecei a usar os serviços da Locus BC em São Paulo e nasceu a Konfide Consultoria S/C Ltda. CNPJ que carrego com muitos desafios por estes anos de empreendedorismo.

Com o passar dos anos, comecei a ter funcionários e aluguei meu primeiro escritório em 2008. Passei a denominar minha empresa de Konfide Marketing Digital que por alguns anos teve uma boa relevância na área de cursos e consultoria, principalmente na área de SEO/AdWords/Joomla!.

Só fui descobrir o COWORKING em torno de 2012/2013, pois nesta época voltei a trabalhar home office porque as agências digitais que tentei montar não deram certo.

Fiz uma pesquisa no Google Trends comparando Coworking, Home Office e Trabalhar em Casa. Notem que somente a partir de 2008 começam a ter buscas muito tímidas por COWORKING. Em 2010, há um aumento por HOME OFFICE. Seria um reflexo de aumento do desemprego? Não sei dizer ao certo, mas o Google Trends é uma ferramenta incrível para comparar as buscas por palavras e analisar as relações entre elas.

Após o COVID-19 temos um PICO para Home Office.

Notem que TRABALHAR EM CASA acompanha a busca por HOME OFFICE, e podemos notar claramente um crescimento por COWORKING.

Caso você ainda não esteja familiarizado com o nome COWORKING, veja a definição da Wikipedia.

“Coworking (ou Co-working) é um modelo de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação, podendo inclusive reunir entre os seus usuários os profissionais liberais e usuários independentes.

É uma maneira utilizada por muitos profissionais autônomos para solucionar o problema de isolamento do modelo de trabalho conhecido como home office.

Pessoas e empresas usuárias de coworking também utilizam este modelo de trabalho para estabelecer relacionamentos de negócios onde oferecem e/ou contratam serviços mutuamente. Alguns destes relacionamentos também visam favorecer o surgimento e amadurecimento de ideias e projetos em grupo.”
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Coworking

Eu conheço e já usei diversos espaços de coworking em São Paulo – Impact Hub, Club Work, Espaço Capanema, My Job Space, Pto de Contato, Coworking Kickante, CollabZone, Colab – e em Salvador (CWK Salvador e Grupo Rede Mais), Curitiba (Impact Hub), Belo Horizonte (Impact Hub), Brasília (Espaço Multiplicidade), Goiânia (Ponto Get) e outras cidades. Grandes empresas estão lançando seus espaços de coworking como o Cubo do Itaú e o Campus Google.

Como sempre, gosto de buscar um olhar diferente para conseguirmos refletir. O ser humano tem uma tendência natural de seguir uma tendência. Gosto desta frase para seguirmos com a reflexão:

“Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou.” Albert Einstein

Vejo que temos alguns mitos com relação a coworking. Muitas pessoas pensam coisas assim quando começam a trabalhar em coworking:

  • Farei muitos contatos e conseguirei novos clientes
  • Encontrarei parceiros para projetos
  • O networking vai ajudar a divulgar o meu trabalho

A realidade é de na prática, a maioria dos coworkings são escritórios compartilhados. Nunca fiz efetivamente negócios sustentáveis nos espaços de coworking que fui cliente ou que fiz algumas atividades.

Precisamos analisar primeiro os motivos pelos quais as pessoas estão trabalhando de forma independente. Acredito que há dois grandes fatores:

  • Diminuição de empregos, principalmente para pessoas acima de 40 anos.
  • Busca por trabalhos com propósitos – O grande aumento do coaching e do estímulo ao empreendedorismo, tem levado muitas pessoas a tentarem uma carreira independente.

O que percebo no mercado é um grande aumento de profissionais em áreas como coaching, palestras e infoprodutos. Tenho uma teoria que as pessoas investem nestas carreiras muito mais por NECESSIDADE do que por PROPÓSITO. Fomos “educados” para ser competitivos e ter um BOM EMPREGO e estar “desempregado” é o mesmo que ser um fracassado.

Estes fatores levam as pessoas a buscarem um título como COACH, palestrante, infoprodutor e outros títulos para não ficarem com o rótulo “desempregado”.

Com o aumento de pessoas trabalhando de forma independente e muitas sem a disciplina ou o ambiente adequado para trabalhar Home Office, há o aumento dos espaços de coworking.

Ok, mas aonde você quer chegar?

Quero propor uma reflexão para lembrar que o CO do CoWorking está relacionado a Colaborar, Compartilhar, Conectar, Cocriar, Comemorar e, principalmente, CONFIANÇA.

O pilar mais importante é a CONFIANÇA.

A pergunta que não quer calar é:

CoWorking está relacionado a um espaço físico apenas?

Espaços de CoWorking poderiam ser mais focados em serem ambientes de confiança baseados em REDES DE PESSOAS do que em espaços físicos.

Acredito que focar apenas no espaço físico é um dos principais erros dos coworkings. Outro fator importante é o fato das pessoas estarem mais focadas em si mesmas e praticarem pouco a escuta ativa. O ser humano ainda tem o desafio de superar questões como Orgulho, Egoísmo, Arrogância e outros defeitos de caráter que limitam nosso potencial.

Imagem do post: Fênix – Renascer das Cinzas

“Conhece-te a ti mesmo” Sócrates

Na minha opinião, espaços de coworking deveriam ser espaços de confiança para que as pessoas possam se expressar livremente e ajudar-se mutuamente na busca ao autoconhecimento.

Uma das melhores palestras que assisti no Youtube é do psicanalista Ricardo Goldenberg. Um dos trechos mais marcantes é sobre “dar opinião para os outros”.

“Quando o outro fala uma opinião sobre você, na verdade é DELE que ele está falando”. Ricardo Goldenberg

Assistam a palestra completa no post.
http://www.autoconhecimento.net.br/homepage/blog/quem-sou-eu-cafe-filosofico-com-ricardo-goldenberg

Corrida do Ouro

A DOR da perspectiva de não retornar ao mercado de trabalho “tradicional” possibilitou o surgimento de uma indústria dos cursos e “gurus”. Eu utilizo a metáfora da CORRIDA DO OURO onde temos milhares de garimpeiros sonhando em encontrar ouro e poucos sendo bem-sucedidos. Porém, quem REALMENTE GANHA DINHEIRO são as pessoas que vendem “PÁS E PICARETAS”. Sempre que vejo um tema ganhar grande destaque, eu me pergunto:

Quem está vendendo pás e picaretas?

Confesso que há alguns anos me empolguei com fórmulas de lançamento e outras estratégias de vendas online. Porém, cheguei a conclusão que o mercado online é um bom caminho, mas deve ser trilhado de uma forma mais natural e formar grupos colaborativos.

Espaços inovadores de coworking

Em 2013, conheci a Laboriosa 89 que foi um espaço inovador e livre criado por Oswaldo de Oliveira e era um espaço colaborativo no qual cada um colaborava livremente. O que me impressionou quando fui conhecer a Laboriosa 89 foi quando perguntei:

“Como faz para participar?” e a resposta foi “Basta pegar a chave, tirar uma cópia e pode frequentar”.

A premissa do Oswaldo de Oliveira é que seria possível criar uma rede livre e sustentável na qual as pessoas se auto-organizariam. Creio que a Laboriosa 89 estava à frente do nosso tempo e durou o tempo que precisava para inspirar e conectar as pessoas. No mesmo espaço, surgiu o Hiperespaço que é um coworking muito legal e vale a pena conhecer.

Ver meu post: https://www.marciookabe/laboriosa-89

Tive a felicidade de conhecer uma casa colaborativa em Porto Alegre chamada Casa Liberdade. A casa encerrou suas atividades, mas foi um projeto incrível e inspirador. Vejam o texto da campanha de entrega da casa.

“Com diversos ciclos de funcionamento ao longo da sua existência, ela foi um espaço colaborativo de livre interação e desenvolvimento de pessoas e projetos. Uma das primeiras casas colaborativas do Brasil, que inspirou muitas outras. E cuja experiência ainda hoje abre portas nos processos de coletivos e de indivíduos.
Um número incontável de pessoas passou por aqui, gerando centenas de projetos, milhares de olho no olho com troca de idéias e milhões de conexões. Foi um ponto de encontro importantíssimo para quem se reconhecia nos valores e propósitos de manter um espaço baseado nessas características. Um berço de colaboração, livre interação, aprendizado mútuo, inovação e empreendedorismo. Foi um ponto de união e expansão, pois cada pessoa que ali chegava era nutrido de alguma forma e colaborava com os outros e com o todo, criando uma comunidade e sustentando esse ecossistema.”
https://www.catarse.me/pt/casaliberdade

Um dos melhores workshops que ministrei foi na Casa Liberdade. Vejam algumas fotos.

https://www.marciookabe/cursos/workshop-de-prezi-na-casa-liberdade-em-porto-alegre

Deskify – Um Airbnb de espaços de coworking

Um site que adorei conhecer e que funciona como um Airbnb de espaços colaborativos é o http://www.deskify.com.br. Ele faz um mapeamento de espaços de coworking e de pessoas que oferecem espaços em escritórios ou Home Offices.

Crie seus espaços colaborativos de coworking

Tenho me dedicado a criar espaços colaborativos nos últimos anos. Com a “crise” acho fundamental formar grupos colaborativos e criar espaços de coworking. Antes de focar no espaço físico, conecte pessoas para formar uma egrégora.

Egrégora, ou egrégoro (do grego egrêgorein, «velar, vigiar»), é como se denomina a força espiritual criada a partir da soma de energias coletivas (mentais, emocionais) fruto da congregação de duas ou mais pessoas. Fonte: Wikipedia

Alugar um espaço ou encontrar um dono de imóvel que tenha interesse em apoiar a criação de um coworking pode trazer resultados efetivos.

Coworking Konfide – Rede de Confiança

Quando escolhi o nome KONFIDE em 2002, busquei no dicionário de esperando e descobri que CONFIAR em esperanto é KONFID. Acrescentei E no final para soma resultar em 1.

Conheci uma casa aqui em São Paulo bem perto do metrô Vila Mariana que é o espaço NISS. Tem um espaço disponível com 60 m2 que precisa de reforma e que planejamos criar uma campanha de crowdfunding para criar um espaço de coworking + estúdio de vídeos + sala de treinamento no mesmo estilo do YouTube Space. Vejam o vídeo que gravei com o Pedro Rossi que é o idealizador do espaço NISS.

Além deste espaço, tenho um sonho que é criar um espaço colaborativo em Salvador. Meus pais irão mudar de casa e a casa atual que tem mais de 40 anos e foi onde passei a maior parte da minha vida vai ficar disponível. Quero muito criar um espaço de coworking e criar uma casa colaborativa em Salvador.

Tem muito hardware disponível

Como aprendi com a Lala Deheinzelin, existe muito “hardware” disponível, basta procurarmos. A Fluxonomia 4D que combina estudos de futuro com as novas economias – Economia Criativa, Compartilhada, Colaborativa, Colaborativa e Multimoedas – é um caminho para planejar e criar espaços colaborativos sustentáveis.

Gostaria de agradecer seu tempo e atenção para ler este artigo. Um dos meus objetivos é ajudar a criação de grupos colaborativos usando conceitos da Fluxonomia 4D para que sejam sustentáveis. Caso tenha interesse em conversar, comente e envie uma mensagem inbox.

Referências:

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