Finalmente assisti o filme “Ainda estou aqui” e saí impactado com o filme. A Fernanda Torres tem uma atuação impecável e, apesar da indicação para o Oscar de melhor filme e melhor atriz já ser uma conquista, sinto que há boas chances dela levar o Oscar.
Porém, trazer à tona esta heroína brasileira que era anônima para maioria dos brasileiros e para o mundo que foi a Eunice Paiva é o grande mérito do filme. Uma mulher que lutou até conseguir que a VERDADE fosse reconhecida e, curiosamente, um atestado de óbito foi celebrado como uma conquista.
O filme é de uma sensibilidade única mostrando uma mãe que precisava ser forte para seus filhos e que não pôde viver o luto e chorar pela perda do marido com dignidade. Uma das maiores reflexões que eu vejo no filme é nunca aceitarmos a cultura do “deixa pra lá” que infelizmente vemos acontecer em muitas situações.
Vivemos tempos muito mais “leves” do que na ditadura, mas ainda existem inúmeras injustiças sociais que acontecem e muitas pessoas ainda tem medo de se envolver porque acham que “não é problema delas”.
Se queremos criar um mundo melhor, precisamos ter a CORAGEM DE AGIR como Rubens Paiva e outros rebeldes tiveram para ajudar as pessoas.
Além de revelar como foi a ditadura no Brasil, o filme trás muitas cenas da família e, como meus pais estão com 87 anos, me emocionei com as cenas finais com a Fernanda Montenegro – mãe de Fernanda Torres – com uma participação curta, mas excepcional.
Eunice Paiva teve Mal de Alzheimer e nas cenas finais há uma sutileza nas cenas que emociona.
Uma realidade para muitas famílias é cuidar dos pais na velhice e o filme me trouxe memórias da minha infância, mas principalmente me fez ver como foi importante passar o Natal e Ano Novo com meus pais em Salvador. Há mais de 2 décadas eu não tive a oportunidade de estar tanto tempo junto com meus pais e escrevi o post “Tempo e Espiritualidade – Aceitar e aprender a amar“.
Uma das maiores lições do filme é aprendermos a seguir em frente e pararmos de reclamar, julgar e culpar as pessoas. Ao invés disso, AGRADECER SEMPRE e FAZER A NOSSA PARTE.
“Quando perdemos a capacidade de nos indignar com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerar seres humanos civilizados.”
Vladimir Herzog
Seleção de vídeos