Natal, Compaixão e Voluntariado

Gostaria de compartilhar com vocês algumas histórias sobre uma viagem que fiz em 1993 para São Miguel do Araguaia, uma pequena cidade que fica na região norte de Goiás. Naquela época, eu trabalhava com equipamentos médicos e fui fazer uma entrega de um ultrassom na cidade. A estrada que liga Goiânia a São Miguel do Araguaia não é tão movimentada e, ao passar por uma fazenda, percebi um rapaz com um bebê no colo pedindo carona. Como estava em alta velocidade, não deu tempo de parar e passei direto. Pensei “logo outra pessoa pára para dar carona”, porém alguns quilômetros adiante percebi que não havia passado nenhum carro na direção oposta e que seria bem provável que ele ficaria um bom tempo parado. Fiz o retorno e encontrei o rapaz com o bebê no mesmo lugar, perguntei para onde ele ia e ele comentou que havia perdido o horário do ônibus (imaginem o intervalo entre os ônibus naquela região) e precisava levar o filho para tomar vacina. Bom, dei a carona até a cidade e segui caminho para São Miguel do Araguaia.

Na volta da viagem, era muito tarde da noite e decidi parar em Mozarlândia. Ao entrar na rodovia de acesso à cidade, duas moças estavam pedindo carona. Nesta hora, sempre temos aquela dúvida cruel… dou carona ou não? Sempre temos a desculpa “e se for um assalto?”. Porém também existe o outro lado da questão “e se elas estiverem precisando MUITO da carona?”. Segui meu coração e parei para dar carona, pois a cidade ainda se encontrava a uns 5 quilômetros. No caminho, a duas explicaram que estavam desde de manhã pedindo carona de Goiânia, pois não tinha dinheiro para passagem. Uma delas estava vindo pegar um dinheiro de uma pensão do ex-marido na Caixa Econômica e a outra estava acompanhando a amiga (isso que é amizade). Naquela altura, já passavam das 10h da noite! Bom, as deixei na casa de um parente que elas afirmaram que poderiam passar a noite e fui procurar uma pensão, pois a cidade era muito pequena para ter um hotel. Fui sair para jantar e as vejo na rua andando, perguntei o que houve e elas falaram que o parente não as poderia receber, pois estava com outras pessoas na casa… Voltei para pensão e consegui um quarto para elas. Depois saímos para jantar, pois elas não tinham nem almoçado.

No jantar, percebi que uma delas tinha uma mão com problemas. Ela falou que o sonho dela seria trabalhar na colheita de laranjas em São Paulo para poder economizar dinheiro para cuidar das suas duas filhas.

Por que lembrei destas histórias e decidi compartilhar com vocês?

Creio que vivemos em um mundo cuja correria do dia-a-dia nos faz tomar decisões superficiais e deixamos de perceber os reais motivos de estarmos aqui. Escrevi um post no Blog Responsabilidade Social sobre Natal, Compaixão e Responsabilidade Social onde postei alguns vídeos excelentes sobre compaixão.

Muitas pessoas já sabem que a compaixão é um dos principais fatores que motivam o trabalho voluntário.

Ao invés de fazer votos de um Feliz Natal, gostaria de propor um desafio para todos. Que neste Natal, e durante o ano de 2012 e todos os outros, você volte a cultivar mais compaixão pelo próximo e que procure AGIR em prol de alguma causa. Vejam este vídeo sobre voluntariado.

Já fui voluntário em diversas ONGs, e uma das minhas metas de 2012 é voltar a praticar atividades voluntárias. Posso afirmar que grandes momentos da minha vida aconteceram quando deixei as minhas preocupações um pouco lado, e dediquei atenção para pessoas que precisam muito de nossa ajuda.

Que 2012 seja um ano especial na sua vida! Feliz Natal!

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