A ilusão do Facebook

Ando meio cansado das pessoas falarem tanto do Facebook como ferramenta de negócios. Um dos comportamentos que mais me incomoda são pequenas empresas ou profissionais liberais que dizem que não precisam de um site fácil de atualizar ou um blog porque já possuem uma “página no Facebook”.

Acredito que as pessoas vivem uma ILUSÃO achando que postar conteúdo no Facebook significa que alguém está vendo seu conteúdo. Como não seria possível escrever em palavras o que sinto, preferi gravar um podcast.

Ao buscar “ILUSÃO DO FACEBOOK” no Google tive uma grata surpresa em encontrar ótimos posts com pensamento similar. Destacarei alguns trechos:

Estudo: Facebook faz sucesso por criar ilusão de que estamos fazendo algo importante

“Nós já sabemos que o Facebook é mais difícil de se resistir que álcool e cigarros. Então faz sentido que usar o Facebook seja prazeroso. Usar cocaína é prazeroso! Mas assim como toda droga viciante, os resultados sugerem que a rede social pode ter um efeito sinistro: o Facebook faz você pensar que está sendo produtivo, mesmo que seu feed esteja repleto de Humor no Face e animais mortos.”

A Ilusão do Facebook ou Como os Marketers Provaram do Seu Próprio Veneno

De repente tudo se passou a resumir à presença no Facebook, ao número de gostos e à estratégia de conteúdo para o Facebook. Não que nada disto seja irrelevante. São factores importantes no mundo de hoje, mas que têm de ser enquadrados numa realidade mais ampla onde não se deve esquecer que continuam a existir outros meios, menos “cool” mas com provas dadas, que têm valor na comunicação com as pessoas. Um dos meus últimos posts reflectiu precisamente sobre o facto das recomendações pessoais continuarem a ser a forma preferida de recolher informação sobre viagens, mas outros estudos demonstram factos similares.

Vem isto a propósito do contínuo decréscimo do alcance das publicações que as páginas do Facebook têm vindo a registar, e sobretudo da surpresa com que algumas pessoas lidam com isto. É verdade que o decréscimo foi tudo menos suave. Tendo em conta dados de um estudo da Social@Ogilvy desde Outubro de 2013 para Fevereiro de 2014, o alcance orgânico das páginas passou de cerca de 12% para pouco mais de 6%. Mas também é verdade que era expectável que tal acontecesse.

A ilusão de curtir e ser curtido

Relacionamento dá trabalho, muito trabalho. Você tem que dar retorno, você tem que fazer primeiro para receber depois, senão o ouvinte recolhe as trouxinhas e vai embora. Tem que se interessar pelo que o outro está fazendo. É fazer amigos e influenciar pessoas. Tem livro escrito sobre isso desde 1949.

A maioria das pessoas (e isso não é um juízo de valor) curte e compartilha para ser curtido e compartilhado. Posta pensando em si. Simples assim. O que acontece é que isso acaba virando uma festa de bêbados, depois das 3 da manhã. Fica todo mundo tentando falar mais alto do que o outro e ninguém mais escuta ninguém. Percamos a ilusão de que teremos dezenas, centenas de pessoas curtindo, compartilhando, esperando desesperadamente só por um post nosso ou por mais uma promoção.

A falsa ilusão do dedo polegar para cima

Veja como chegar a conclusões precipitadas pode induzir a uma visão míope no mundo online. Eu por exemplo, curto a fanpage da marca Ferrari no Facebook, e hoje, pelo menos por enquanto, não tenho a menor condição de comprar uma Ferrari, muito embora não me falte vontade. Infelizmente ainda não tenho condições financeiras de adquirir um automóvel desse tipo. Ou seja, eu não sou público-alvo (ainda) de um produto desse, muito menos influencio pessoas a comprar um carro desse, mas estou curtindo a marca. Isso mostra que meu comportamento digital não traduz as minhas reais intenções aqui do mundo real, mundo offline. Eu também curto a fanpage do Activia da Danone, pois sou um pesquisador de marca e de assuntos de consumo em geral. Eu coloco o dedinho pra cima no Facebook simplesmente para acompanhar como essa marca (líder de categoria) se comporta nas redes sociais. E na minha casa nunca entrou um potinho de Activia. Ou seja, eu não sou público-alvo deles. Por fim, eu sigo no Twitter o perfil do @SamsungPHGanso, mas sou corinthiano e não tenho nenhum interesse em saber o que posta esse jogador. No entanto, minha intenção em segui-lo é justamente analisar como a marca Samsung (que não era nada até outro dia, e hoje abocanha fatias de mercado) está transitando nas redes sociais.

Declínio do Facebook

Recentemente, a notícia de um estudo que prevê a perda de 80% dos usuários do Facebook até 2017. O estudo se baseia no fato das redes sociais terem comportamento similar a epidemias. Achei este gráfico no post http://wegeek.com.br/tecnologia/declinio-facebook

“De acordo os pesquisadores, um individuo adota a rede social pois seus amigo a usam, assim como doenças, as ideias se espalham rapidamente por contato comunicativo entre as diferentes pessoas e a “recuperação” dessa doença está na perda de interesse ao longo do tempo dos amigos.”

Para pensarmos

A minha proposta é pararmos para refletir sobre quanto tempo e dinheiro você e sua empresa investe em ações no Facebook. Sou um dos maiores defensores do Marketing de Conteúdo e Blogs! Na minha opinião, quem souber criar conteúdo de qualidade, principalmente em vídeos e focado em ajudar as pessoas terá grandes chances de criar um patrimônio digital. Em 2011, comecei a escrever o blog www.prezibrasil.com.br que hoje tem mais de 13 mil visitas mensais com origem no Google de pessoas interessadas em aprender a usar o Prezi. A proposta para reflexão é:

Será que se tivesse optado por investir apenas no Facebook eu teria este patrimônio?

E o Orkut? Hoje é fácil falar que quem investiu muito tempo ou dinheiro em ações no Orkut correram riscos, mas o fato é que a curva de buscas no Google Trends para Facebook vs Orkut mostram certa similaridade.

Agora é sua vez de pensar sobre como tem investido seu tempo e dinheiro.

Referências:

Este post tem 6 comentários

  1. Angélica

    Me conforta saber que existe pessoas que pensam como eu, gosto do real, do concreto não vivo de imaginário e ilusões.

  2. Silvia

    Olá.Angélica
    Parabéns pelo artigo, confirmou o que realmente eu estava concluindo. Obrigada!
    Sucesso!
    Silvia Escudero

  3. Silvia

    Olá Marcio. Parabéns pelo artigo. Confirmou tudo. Valeu!
    Obrigado!
    Silvia

  4. Jo Ive Souza Bahia

    Pesquisando sobre “facebook para empresa é ilusão”, te encontrei. Sabe que eu estava pensando desse modo mesmo?
    Estou a meses criando, inocando…e não vejo retorno. Percebi que os anuncios para maior veiculação devem ser pagos. Sabiam?
    Pois bem, não sei o que faço agora. Tenho muito conteúdo/postagens lá. E não tenho dinheiro para ficar pagando anuncios.
    Vamos debater esse assunto?

    1. marciookabe

      Olá Jo,
      Envie um e-mail para marcio arroba elementa.com.br para conversarmos.
      Abraços,
      Marcio Okabe

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