Roberto Shinyashiki e Palestras

Há muitos anos atrás, antes da internet… Li o livro “Carícia Essencial” do Roberto Shinyashiki. Veja a sinopse:

“Chega de viver entre o medo e a raiva! Se não aprendermos a viver de outro modo, poderemos acabar com nossa espécie. É preciso começar a trocar carícias, a proporcionar prazer, a fazer com o outro todas as coisas boas que a gente tem vontade de fazer e não faz, porque “não fica bem”mostrar bons sentimentos! Neste livro o autor, numa linguagem simples, coloquial, faz uma análise dos caminhos que as pessoas têm para demonstrar o amor.”

Ver mais: Uma história de carícias | Resenha Carícia Essencial do Ben Oliveira

Admiro muito o Roberto Shinyashiki e ainda não tive a oportunidade de assistir uma palestra sua. Tenho visto que nos últimos anos ele tem focado no mercado de palestrantes.

Nas últimas semanas, percebi que ele está focando na venda do curso online “Meu Negócio de Palestras“. Já havia visto um post no Facebook afirmando que fazendo o curso você ganharia R$ 6 mil por palestra. Escrevo este post como forma de colocar minha opinião e discordar desta forma de venda.

A técnica de vendas que está sendo usada é a Fórmula de Lançamento que é uma metodologia que o Érico Rocha trouxe para o Brasil. Basicamente, são uma sequência de ações com estratégias de gatilhos mentais para convencer as pessoas a comprar seu produto ou serviço.

O curso deve ser excelente e vou me programar para investir, pois em 2015 pretendo ampliar minha atuação como palestrante. O que gostaria de falar é que há vários tipos de PALESTRAS e PALESTRANTES, e nem sempre o objetivo de ser um palestrante é ganhar R$ 6 mil por palestras. No vídeo de venda, o Roberto fala que R$ 10 mil é um valor normal para cobrar por palestra.

Como disse, li o livro Carícia Essencial há MUITOS ANOS e o motivo deste post é discordar do FOCO no dinheiro. Acredito que milhares de pessoas que gostariam de ser palestrantes possuem outras motivações. Ernesto Haberkorn – fundador da TOTVS – ministra a palestra Dicas de Como Chegar Lá com o objetivo de compartilhar sua história como empreendedor.

Acredito que o foco no dinheiro gera um estímulo no mercado e muitas pessoas podem sonhar em ser palestrantes e ganhar os R$ 6 mil, mas a tendência é a maioria não atingir estes valores. É a regra da oferta e procura. O mercado de palestras está em uma fase aquecida. Este é um comportamento típico dos mercados. Em 1998, achei que ficaria rico criando sites e criei minha primeira produtora. A verdade é que depois de mais de 16 anos focando no marketing digital, descobri que meus principais talentos estão ligados à ENSINAR/APRENDER, CONECTAR PESSOAS e FOMENTAR IDEIAS. Escrevi um artigo “A Corrida do Ouro e Internet” onde faço uma analogia com a verdadeira Corrida do Ouro na Califórnia. Quem realmente ganhou dinheiro naquela época foram as pessoas que venderam pás e picaretas.

Acredito que estamos vivendo uma fase de grandes mudanças em todas as áreas – Educação, trabalho, relacionamentos, etc. – e uma das principais tendências é o declínio do emprego tradicional (Leiam meu post “O Futuro do Trabalho“). Muitos executivos que saem de empresas e não conseguem recolocação tendem a seguir a carreira de consultor e muitos almejam se tornar palestrantes. Por outro lado, muitos empreendedores (eu, inclusive) querem se tornar palestrantes.

A minha crítica é que o mesmo conteúdo poderia ser vendido com outros argumentos. Poderia focar em valores como RECONHECIMENTO que é algo que muitos palestrantes procuram.

Bom, quero lembrar que pretendo fazer o curso do Roberto Shinyashiki, pois realmente deve ser excelente e já ouvi muitos elogios do evento presencial. Apenas critico a forma como está sendo vendido a versão online.

Transcrevo abaixo a história de carícias do livro do próprio Roberto

“Neste conto, Claude Steiner, com muita sabedoria e ternura, sintetiza muitas idéias sobre Carícias.

Era uma vez, há muito tempo, um casal feliz, Antonio e Maria, com dois filhos chamados João e Lúcia. Para entender a felicidade deles, é preciso retroceder àquele tempo.

Cada pessoa, quando nascia, ganhava um saquinho de carinhos. Sempre que uma pessoa punha a mão no saquinho podia tirar um Carinho Quente. Os Carinhos Quentes faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegantes, cheias de carinho. As pessoas que não recebiam Carinhos Quentes expunham-se ao perigo de pegar doença nas costas que as fazia murchar e morrer.

Era fácil receber Carinhos Quentes. Sempre que alguém os queria, bastava pedi-los. Colocando-se a mão na sacolinha surgia um Carinho do tamanho da mão de uma criança. Ao vir à luz o Carinho se expandia e se transformava num grande Carinho Quente que podia ser colocado no ombro, na cabeça, no colo da pessoa. Então, misturava-se com a pele e a pessoa se sentia toda bem.

As pessoas viviam pedindo Carinhos Quentes umas às outras e nunca havia problemas para consegui-los, pois eram dados de graça. Por isso todos eram felizes e cheios de carinhos, na maior parte do tempo.

Um dia uma bruxa má ficou brava porque as pessoas, sendo felizes, não compravam as poções e ungüentos que ela vendia. Por ser muito esperta, a bruxa inventou um plano muito malvado. Certa manhã ela chegou perto de Antonio enquanto Maria brincava com a filha e cochichou em seu ouvido: “olha Antonio, veja os carinhos que Maria está dando à Lúcia. Se ela continuar assim vai consumir todos os carinhos e não sobrará nenhum pra você”.

Antonio ficou admirado e perguntou: “Quer dizer então que não é sempre que existe um Carinho Quente na sacola?”

E a bruxa respondeu: “Eles podem se acabar e você não os ganhará mais”. Dizendo isso a bruxa foi embora, montada na vassoura, gargalhando muito.

Antonio ficou preocupado e começou a reparar cada vez que Maria dava um Carinho Quente para outra pessoa, pois temia perdê-los. Então começou a se queixar que Maria, de quem gostava muito, e Antonio também parou de dar carinhos aos outros, reservando-os somente para ela.

As crianças perceberam e passaram também a economizar carinhos, pois entenderam que era errado dá-los. Todos ficaram cada vez mais mesquinhos.

As pessoas do lugar começaram a sentir-se menos quente e acarinhados e algumas chegaram a morrer por falta de Carinhos Quentes. Cada vez mais gente ia à bruxa para adquirir ungüentos e poções. Mas a bruxa não queria realmente que as pessoas morressem porque se isso ocorresse, deixariam de comprar poções e ungüentos: inventou um novo plano. Todos ganhavam um saquinho que era muito parecido com o saquinho de Carinhos, porém era frio e continha Espinhos Frios. Os Espinhos Frios faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas, mas evitava que murchassem.

Daí para frente, sempre que alguém dizia “Eu quero um Carinho Quente”, aqueles que tinham medo de perder um suprimento, respondiam: “Não posso lhe dar um Carinho Quente, mas, se você quiser, posso dar-lhe um Espinho Frio”.

A situação ficou muito complicada porque, desde a vinda da bruxa havia cada vez menos Carinhos Quentes para se achar e estes se tornaram valiosíssimos. Isto fez com que as pessoas tentassem de tudo para consegui-los.

Antes da bruxa chegar as pessoas costumavam se reunir em grupos de três, quatro, cinco sem se preocuparem com quem estava dando carinho para quem. Depois que a bruxa apareceu, as pessoas começaram a se juntar aos pares, e a reservar todos seus Carinhos Quentes exclusivamente para o parceiro. Quando se esqueciam e davam um Carinho Quente para outra pessoa, logo se sentiam culpadas. As pessoas que não conseguiam encontrar parceiros generosos precisavam trabalhar muito para obter dinheiro para comprá-los.

Outras pessoas se tornavam simpáticas e recebiam muitos Carinhos Quentes sem ter de retribuí-los. Então, passavam a vendê-los aos que precisavam deles para sobreviver. Outras pessoas, ainda, pegavam os Espinhos Frios, que eram ilimitados e de graça, cobriam-nos com cobertura branquinha e estufada, fazendo-os passar por Carinhos Quentes. Eram na verdade carinhos falsos, de plástico, que causavam novas dificuldades. Por exemplo, duas pessoas se juntavam e trocavam entre si, livremente, os seu Carinhos Plásticos. Sentiam-se bem em alguns momentos mas, logo depois sentiam-se mal. Como pensavam que estavam trocando Carinhos Quentes, ficavam confusas.

A situação, portanto, ficou muito grave.

Não faz muito tempo uma mulher especial chegou ao lugar. Ela nunca tinha ouvido falar na bruxa e não se preocupava que os Carinhos Quentes acabassem. Ela os dava de graça, mesmo quando não eram pedidos. As pessoas do lugar desaprovavam sua atitude porque essa mulher dava às suas crianças a idéia de que não deviam se preocupar com que os Carinhos Quentes terminassem, e a chamavam de Pessoa Especial.

As crianças gostavam muito da Pessoa Especial porque se sentiam bem em sua presença e passaram a dar Carinhos Quentes, sempre que tinham vontade.

Os adultos ficavam muito preocupados e decidiram impor uma lei para proteger as crianças do desperdício de seus Carinhos Quentes. A lei dizia que era crime distribuir Carinhos Quentes sem uma licença. Muitas crianças, porém, apesar da lei, continuavam a trocar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade ou que alguém os pedia. Como existiam muitas crianças parecia que elas prosseguiram seu caminho.

Ainda não sabemos dizer o que acontecerá. As forças da lei e da ordem dos adultos forçarão as crianças a parar com sua imprudência? Os adultos se juntarão à Pessoa Especial e às crianças entenderão que sempre haverá Carinhos Quentes, tantos quantos forem necessários? Lembrar-se-ão dos dias em que os Carinhos Quentes eram inesgotáveis porque eram distribuídos livremente?

Em qual dos lados você está?

O que você pensa disso?

Do livro: A Carícia Essencial – Roberto Shinyashiki – Editora Gente”
Fonte: http://metaforas.com.br/uma-historia-de-caricias

Talvez, o que estamos precisando em um mundo tão saturado de
informações e conteúdo são CARINHOS QUENTES 😉

Este post tem 3 comentários

  1. Irineu Toledo

    Pois é. O foco no dinheiro na ambição é coisa antiga. A Fórmula do Lançamento usando da possibilidade digital e das redes propõe isso. Mas no fundo, como os ciganos e videntes, tiram proveito próprio por causa da cobiça ou ambição que um vício recorrente dos homens. Para quem vende ouvistes o curso significa ganhar dinheiro. Nada mais. Os alunos serão vítimas de suas próprias expectativas turbinadas por este modelo. Deploro religiosos e palestrantes que usam mecanismos de persuasão e técnicas sofisticadas de influência, contaminando as maravhosas possibilidades de mundo colaboraríeis. Quando a conquista de dinheiro ou o milagre é o apelo de qualquer orador, comunicador, palestrante, desconfie. Eles só querem o seu dinheiro. Se você tem para gastar a toa, o dinheiro é seu. Faça isso. Se quer um conselho, procure o prof. Reynaldo Polito ou o Passadori.

    1. marciookabe

      Excelente comentário, Irineu! Feliz Natal atrasado 😉
      Neste mundo tão corrido, o hábito de enviar cartões pelo correio se tornou raro. Como tudo na vida, tem o lado bom e o ruim, porém é apenas um FATO. O lado bom é que a internet e tecnologia aproximam as pessoas – Facebook, Whatsapp, Youtube, Google, Blogs, etc. Porém, temos que ficar atentos para não sermos “seduzidos” pelas “ondas” que surgem na internet. Devemos sim, saber navegar e tirar o melhor de cada tecnologia e tendência.
      Que em 2015 nós possamos ter vários projetos juntos! É um prazer ser seu amigo e poder compartilhar ideias para um mundo melhor.

  2. Gustavo Costa

    Olá Márcio! Tudo bem? Encontrei seu artigo por acaso, procurando uma coisa, entrei aqui e vi outra. Concordo com seu ponto de vista, todavia, alguns meses atrás, vendo sobre o ‘Negócio de Palestras’, vi um webinar ou entrevista, no qual o Roberto falava sobre isso, do dinheiro, e ele mencionou que ‘por quê o dinheiro é o foco disso?” e a resposta foi que pelas pesquisas que eles fizeram com o público alvo deles, e o público respondeu que queria ganhar dinheiro, queria aprender a fazer palestras de sucesso e que tivesse um retorno financeiro interessante, então, se focaram nisso e fizeram a campanha mostrando o retorno financeiro como destaque.
    A propósito, você fez o Negócio de Palestras desse ano? Eu não tive a oportunidade de fazer, porém já me preparo para o do ano que vem.

    Grande abraço!

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